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Fáscia e postura

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O Papel do Sistema Fascial no Controle e Manutenção Postural 

Conhecer sobre a fáscia e a postura é essencial para melhorar seus exercícios de pilates. É importante saber que há anos estudou-se o corpo humano de modo segmentado e didático, contudo, hoje sabe-se que a globalidade e integralidade fazem parte da anatomia humana, e com o estudo da fáscia e do sistema fascial isto tem se comprovado cada vez mais.

Assim observando-se os atuais estudos com relação a fáscia como órgão proprioceptivo e sua função no corpo humano, tornou-se evidente que ela deve ter um papel fundamental na manutenção e controle postural.

Qual objetivo desse artigo de fáscia e postura?

O objetivo do presente artigo, que está baseado em um trabalho de tese iniversitária é revisar os estudos sobre o tecido conjuntivo fascial e a importância deste sistema no controle e manutenção postural no corpo humano.

Para isso, sucedeu-se uma revisão bibliográfica não sistemática, onde buscou-se artigos científicos das seguintes maneiras:

  • Manualmente em livros, trabalhos apresentados em congressos científicos…
  • E trabalhos de conclusão de curso e automática por periódicos indexados nas bases de dados Medline, Lilacs, SciELO, PEDro, PubMed
  • Além disso, de Snow-Balling dos artigos selecionados para a pesquisa.

Com esta pesquisa podemos afirmar que trabalhar a fáscia é de extrema importância para a saúde postural de forma a evitar disfunções e futuras .

Inegavelmente também evitaremos lesões por sobrecargas musculares e  articulares.  

O que é a fáscia?

A fáscia é “uma bainha, uma folha ou qualquer número de outras agregações dissecáveis de tecido conjuntivo que se forma sob a pele para anexar, envolver, separar músculos e outros órgãos internos”.

Esta é uma definição puramente anatômica que foi decidida pelo método Delphi anteriormente ao Congresso de Pesquisa da Fáscia em 2007. Para Schleip et al, 2012 essa definição  que  difere a fáscia do sistema fascial não é útil.

Tudo isso visto que arrisca-se à incompreender a função da rede fascial global suprimindo tecidos importantes, como as citadas abaixo:

  • Interconexões fásciais,
  • Tecidos com cápsulas articulares,
  • Aponeuroses, tendões, ligamentos e tecidos conjuntivos intramusculares(1).

Schleip, 2003 descreve então a fáscia como “o denso tecido conjuntivo irregular que envolve e conecta todos os músculos, até mesmo a menor miofibrila, e cada órgão formando continuidade por todo o corpo”.

Justifica-se considerá-la um elemento integrador essencial na postura e ordenação dos movimentos humanos, ou seja,  do aparelho locomotor. Muitas vezes é chamada de “órgão da forma”(2).

O que envolve o conceito de fáscia e postura?

O conceito de postura corporal envolve adaptações, equilíbrio e ademais coordenação neuro-muscular.

As reações posturais automáticas são consequentes às necessidades de organização postural e o meio ambiente. O controle postural é baseado inegavelmente na interação entre o estímulo aferente e a resposta eferente, sendo adaptável ao sistema motor(3). Um dos sistemas importantes no controle postural é principalmente o sistema proprioceptivo, formado pelos proprioceptores: fusos musculares, órgãos tendinosos e ademais receptores articulares(4).

Que dizem os grandes mestres sobre fáscia e postura?

Já para Busquet, 2014 a cadeia estática, responsável pela postura ereta, responde á 2 prioridades, são elas: economia e conforto. De acordo com a lei da economia o homem, durante o dia, deve permanecer em equilíbrio vertical de 12 a 16 horas diárias.

Portanto a cadeia estática deve poupar-se de um possível esgotamento, tornando a economia a primeira prioridade. Já a segunda prioridade seria o conforto, para não sobrecarregar as vias proprioceptivas o homem adota uma estática confortável(5).

Scodeler et al, 2011 diz que há anos estudou-se o corpo humano de modo segmentado e didático.

Contudo, hoje sabe-se que a globalidade e integralidade fazem parte da anatomia humana, e com o estudo da fáscia e do sistema fascial isto tem se comprovado cada vez mais.

Assim observando-se os atuais estudos com relação a fáscia como órgão proprioceptivo e sua função no corpo humano tornou-se evidente que ela deve ter um papel fundamental a fim de realizar a manutenção e controle postural(6).

Como se relaciona a biotesegridade com a fáscia e postura?

Além disso tudo, a biotensegridade que é a aplicação dos conceitos de tensão de Fuller à estrutura e fisiologia biológicas propõe um modelo estrutural que incorpora as leis físicas relacionadas a formas estruturais trianguladas e inerentemente estáveis, pois iguala as forças de tensão às de compressão(24).

O conceito de Biotensegridade em contrapartida contraria a ideia de que o esqueleto molda os tecidos moles.

Ao invés disso, as estruturas de biotensidade são redes miofasciais contínuas auto-tensionadas integradas com estruturas de compressão descontínuas, como os ossos, contidas nelas(23).

Logo, o objetivo do presente trabalho foi revisar os estudos sobre o tecido conjuntivo fascial e a importância deste sistema no controle e manutenção postural no corpo humano.

Tudo isso a fim de colaborar com a adaptação e escolha de técnicas fisioterápicas no tratamento de alterações posturais que com agravamento tornem-se prováveis deformidades.

Metodologia aplicada nesse artigo.

Portanto, sucedeu-se uma revisão bibliográfica não sistemática, onde buscou-se artigos científicos das seguintes maneiras:

  • Manualmente em livros, trabalhos apresentados em congressos científicos e trabalhos de conclusão de curso,
  • Automática por periódicos indexados nas bases de dados Medline, Lilacs, SciELO, PEDro, PubMed além de Snow-Balling dos artigos selecionados para a pesquisa.
  • Todas as referências utilizadas estão disponíveis publicamente. Utilizou-se os seguintes descritores, “Fáscia”, “Postura Corporal”, “Tecido Conjuntivo” e “Propriocepção” e seus respectivos correspondentes em inglês.

Selecionou-se referências do ano de 2000 à 2018, sendo excluídos os artigos incompletos, ou que não puderam ser visualizados. Quanto aos descritores, optou-se materiais de literatura que estivessem relacionados ao conceito da fáscia como tecido contínuo. Neste capítulo deverão ser descritos, de maneira detalha, todos os procedimentos operacionais do estudo.

O estudo da fáscia e postura durante os anos.

Devido a sua fragilidade durante as dissecações os anatomistas não costumavam atentar-se às fáscias(7). Motivado pela ausência de descrições literárias sobre o tecido fascial Gallaudet, nos anos de 1913 a 1930, preocupou-se ademais em realizar dissecações para estudar especificamente este assunto(6)

Hoje há diversos pesquisadores como Robert Schleip, Carla Stecco, David Lesondak e Jean Claude Guimberteau, que contribuem com estudos e  descrições sobre o tecido conectivo e a fáscia.

De acordo com alguns destes autores existem 4 tipos de fáscias que veremos por conseguinte.

Como podemos dividir a fáscia para uma melhor compreensão?

Fáscia Visceral

Duas subdivisões são fáscia meníngea e fáscia visceral que não são relevantes para o assunto em questão, por este motivo não serão discutidas(8,9).

Fáscia Superficial

A fáscia superficial está em espaços contendo tecido conjuntivo areolar solto, ou seja, não há um padrão regular em sua organização. Ela está logo abaixo da pele em contato com o tecido adiposo, tem como característica ser fibrosa, elástica, além de conectar-se com a fáscia profunda(8,9).

Destaca-se por ser abundante em receptores proprioceptivos e interoceptivos está envolvida com a termoregulação, circulação e sistema linfático.

Ou seja…separa e conecta o meio interno e o meio externo(13). Ela e o retináculo cutâneo formam uma rede tridimensional entre os lóbulos gordurosos da hipoderme, fornecendo uma âncora dinâmica da pele aos tecidos subjacentes. Esse arranjo permite um mecanismo flexível e ainda resistente de transmissão de cargas mecânicas a partir de forças multidirecionais(28).

Fáscia profunda

A fáscia profunda é intermuscular e epimisial, tem característica densa, organizada e igualmente fibrosa e atua como área de inserção para as fibras musculares adjacentes, dessa maneira, tem a função de transmissão de força, além de deslizamento.

A transmissão de força pode ser explicada pelas aponeuroses que consistem em bainhas fibrosas bem definidas estão separadas dos músculos subjacentes e são capazes de transmitir forças musculares à distância. As mais notáveis são: fáscia lata, fáscia crural, fáscia braquial, fáscia pré-braquial , fáscia tóracolombar e a bainha do reto(8,9,28).

Fáscia tóracolombar

A fáscia tóracolombar faz essa transmissão de forças entre os músculos do tronco e a coluna, é formada de múltiplas camadas de tecido conectivo denso, separadas por camadas de tecido conectivo areolar, ou frouxo, que permitem que os tecidos densos adjacentes deslizem uns sobre os outros. Um estudo de 2011 observou através de ultrassonografia a fáscia tóracolombar de 121 indivíduos, 71 deles com lombalgia acima de um ano. Descobriu-se com este estudo que o deslizamento da fáscia toracolombar foi menor nos indivíduos com dor lombar crônica, confirmando a importância dessas transmissões para um corpo saudável(26).

O que pensa o mestre Myers sobre fáscia e postura?

No entanto, Myers, 2010 acredita que para aqueles que tratam de fora para dentro, através das mãos, as distinções dos tipos e camadas fasciais nos interessa apenas como pesquisa, pois na prática as camadas são inseparáveis, movem-se e respondem juntas.

Por este motivo, tratar a fáscia como sistema fascial é útil, visto que aponta mais o interesse pelos aspectos funcionais da rede fascial como um todo, incluindo transmissão de força, funções sensoriais e cicatrização(10).

Entendendo melhor os tecidos e a fáscia.

O tecido conectivo deslizante, tem suas unidades básicas em forma de poliedros e pode ser encontrado em todas as regiões do nosso organismo. O que costumava ser chamado de tecido conjuntivo ou areolar é integralmente contínuo ao longo das fibras e seus prolongamentos. Até as estruturas intermediárias, como a fáscia muscular profunda, são agregadas a essa rede e conectadas a ela em suas partes superior e inferior, aumentando assim as propriedades de absorção de impacto do tecido e permitindo que as estruturas se movam interdependentemente. Essa rede de tecidos é onipresente seja nas regiões abdominal, torácica ou dorsal e até no couro cabeludo, como é visto na imagem 1(13).

Enquanto tecidos com menor densidade de inervação parecem estar especializados somente para uma única força de transmissão unidirecional passiva, o retináculo comporta uma rica inervação sensorial, dentre os tecidos fasciais, esse aumento de informações parece capacitar a detecção de leves mudanças na direção angular em carga mecânica(14,18).

Fato curioso da fáscia nos músculos paraespinhais…

De acordo com a embriologia do sistema músculo-esquelético os músculos paraespinhais estão localizados em um retináculo, essa bainha fascial estende-se, ininterruptamente, da base do crânio para o sacro. Com base no desenvolvimento da extremidade superior, os músculos formam uma camada externa, a lâmina superficial da camada posterior da Fáscia toracolombar, cobrindo o retináculo paraespinhal. Esse retináculo em forma de anel cria uma estrutura triangular onde encontra as lâminas anterior e posterior da aponeurose do Transverso Abdominal(28).

Nesta região e com origem na fáscia tóracolombar também está o músculo serrátil posterior inferior que se localiza abaixo do músculo grande dorsal, segue pelos processos espinhosos das vértebras torácicas inferiores e lombares superiores até a nona e a décima segunda costelas. Este músculo em especial é considerado um músculo dorsal secundário, isto quer dizer que ele se deslocou para o dorso durante a embriogênese(29,30,31).

Rede fascial presente em diversas regiões do corpo.

a) área subcutânea do antebraço; b) parede torácica; c) tecido subcutâneo contraído; d) parede abdominal. (Guimberteau et al, 2010).

Com todas estas informações justifica-se afirmar que o sistema fascial certamente é o órgão mais importante para a propriocepção. Schleip, 2003 confirma isto ao mencionar que a grande teia fascial engloba os tecidos conjuntivos intramusculares, o periósteo e a fáscia superficial todos ricos em inervação sensorial(2,3).

Quando se menciona inervação da fáscia precisa-se esclarecer que a fáscia responde a estímulos através dos seguintes receptores:

Órgãos tendinosos de golgi:

Respondem a estímulos de contração muscular e aos movimentos de alongamento ativo. Cerca de 90% deles encontram-se nas junções miotendinosas, cápsulas articulares, aponeuroses e nos ligamentos das articulações periféricas(15,27).

Corpúsculos de Paccini:

respondem a mudanças na pressão e vibração, levando a um feedback aumentado e melhora do controle motor. Estão na fáscia muscular, junções miotendinosas, camadas capsulares profundas e ligamentos espinais(15).

Mecanorreceptores de Ruffini:

Poucos respondem a mudanças bruscas de pressão, mas a maior parte deles reage à pressão sustentada, profunda, rítmica e  lenta, pois não adaptam-se rapidamente. São responsivos a forças tangenciais e induzem uma redução do sistema nervoso simpático. Estes localizam-se no tecido conectivo denso que encontra-se nos ligamentos das articulações periféricas, na dura-máter e nas camadas capsulares externas. Seus efeitos causam redução da atividade simpática(15,27).

Interoceptores (Tipos III e IV):

São frequentemente ignoradas, mas representam quase 80% das fibras sensoriais dentro de um nervo motor, poucas dessas fibras são cobertas por uma fina bainha de mielina (tipo III ou fibras A-delta), mas 90% delas não são mielinizadas (fibras tipo IV ou C).

Estes tem uma função autonômica e só para ilustrar:

Fornecem informações involuntárias, como taxa de O2, pressão arterial, sensações de calor, fome, sede e regulam o sistema nervoso através do fluxo sanguíneo de acordo com as demandas locais.

Isso é feito por meio de conexões muito próximas com o sistema nervoso autônomo. Os interoceptores são encontrados nos órgãos, vasos sanguíneos e periósteo(15, 16, 17, 27).

Desta forma podemos concordar que o sistema fascial suporta, protege, evolui e conecta o corpo humano(20).

Entendendo a relação entre fáscia e postura

Com todas essas informações a respeito do sistema fascial, agora caraterizaremos os termos postura e controle motor. O controle motor é realizado pelo sistema nervoso e tem como propósito realizar os movimentos de forma eficaz(17,22).

Para Nicolino, 2007 postura é a posição que o corpo assume no espaço(11). A postura ideal é àquela sustentada com mínimo esforço, promovendo uma maneira particular do indivíduo suportar o próprio corpo, é direcionada em oposição a gravidade(12).

Postura também pode ser considerada “a posição otimizada, mantida com característica automática e expontânea, de um organismo em perfeita harmonia com a força gravitacional e predisposto a passar do estado de repouso ao estado de movimento”; de uma forma substancial, determina-se como “um complexo sistema de muitos moldes, no qual intervém, além do carácter biomecânico, um conjunto de variáveis”(21).


Imagem 2 – Organização das estruturas envolvidas no controle motor(17).

O que pensam os mestres Myers, Busquet e Bricot sobre a fáscia e postura?

Bricot, 2010 cita que a fim de se manter com a postura ereta o corpo utiliza-se de diferentes recursos como: exteroceptores (tato, visão, audição), proprioceptores (percepção do corpo no espaço) e os centros cerebrais responsáveis pelas estratégias que recolhem informações das duas fontes como mostra a imagem 2(19). Para Busquet, 2017 é incontestável que para se manter contra a gravidade em equilíbrio o corpo se utiliza da Cadeia Estática Posterior(5).

Cadeia Estática Posterior de Busquet(5).

A Cadeia Estática Posterior (CEP), imagem 3, de Busquet tem características de economia e propriocepção para controle da postura, mantendo o equilíbrio. Ela tem a particularidade de não ser muscular, sendo composta por tecido conjuntivo ou conectivo, ou seja, pelo sistema fascial e está localizada na região posterior no tronco e póstero-lateral nos membros inferiores, justamente em razão ao desequilíbrio anterior normal do corpo humano(5).

Apesar de Myers 2010, não concordar diretamente com Busquet em relação as cadeias musculares, não discorda totalmente. No livro Trilhos Anatômicos, a Linha Superficial Posterior, imagem 4, a qual o autor acredita que seja responsável por manter o corpo ereto não abrange exatamente as mesma estruturas, mas se assemelha bastante, principalmente em relação as lâminas extrafortes de fáscia presentes nesta linha(10).

Conclusão final do artigo de fáscia e postura

Considerando o sistema fascial como fáscia conclui-se que ela tem parte fundamental sobre o controle e manutenção postural, sendo o maior órgão proprioceptivo faz a comunicação do meio externo e meio interno regulando a posição do corpo no espaço através dos receptores. Também oferece a vantagem do menor gasto energético facilitando para o corpo humano manter-se longas horas numa mesma posição contra a gravidade. Além disso, ela fornece suporte ao corpo mantendo a arquitetura corporal, desta forma não há como negar o papel dela na postura.

Em conclusão, com o presente trabalho podemos afirmar que trabalhar a fáscia é de extrema importância para a saúde postural de forma a evitar , inegavelmente, disfunções e futuras lesões por sobrecargas musculares e  articulares, bem como para recuperar as disfunções já notadas.

Allessa Mariá Maiochi
É Fisioterapeuta Pós Graduada em Cadeias Musculares e Articulares
CREFITO 150120-F

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