Pilates terapêutico! Tudo o que você precisa saber!
Muito se fala sobre a metodologia nos dias atuais e devemos saber a diferença entre o Pilates tradicional e o Pilates terapêutico! O Pilates vem sendo praticado no mundo inteiro a mais de 50 anos sendo ministrado por profissionais de diversas áreas.
No Brasil desde a década de 80 o Pilates atingiu um público de instrutores pouco comum no mundo afora. Grande parte dos profissionais que hoje trabalham com o Pilates no Brasil são Fisioterapeutas.
Os fisioterapeutas no Pilates
Apesar de ter sido usado como ferramenta de reabilitação pelo Joseph Pilates durante o tempo de asilo na Ilha de Man e ser responsável pela vinda de grandes nomes do balé para o Pilates, foi no Brasil que a metodologia criada por “Joe” ganhou um público de instrutores especializado nesse processo de reabilitação portanto como dito pela lenda e discípula do criador da técnica, Lolita San Miguel em sua visita ao Brasil no mês de maio de 2016, esse novo público de instrutores é novidade no mundo inteiro.
A cinesioterapia
Apesar de parecer um nicho curioso neste ambiente o fisioterapeuta encontrou no método Pilates uma forma eficiente de realizar uma velha conhecida do processo de reabilitação, a cinesioterapia. “A cinesioterapia é a ciência que abrange o tratamento dos sistemas neuro-musculo-esquelético e circulatório por meio do movimento ou do exercício.”
O Pilates com todas as suas possibilidades de fortalecimento, alongamento, mobilização, favorecimento da coordenação motora e auxilio no ganho da consciência corporal tem trazido para a fisioterapia um repertório vasto de exercícios que o auxiliam no processo de reabilitação.
Fisioterapia tradicional vs Pilates terapêutico
Mais aceito pela população do que as chatas sessões de fisioterapia tradicional, as sessões de Pilates Terapêutico tem atraído muitos pacientes com diferentes quadros patológicos. Quadros como hérnias de disco, escolioses, lesões de joelho e ombro, e lombalgias mecânicas ou dor lombar são verdadeiros campeões nas visitas aos consultórios de Pilates Terapêutico espalhados por todo Brasil como na nossa clínica de fisioterapia na Tijuca, por exemplo.
Pilates original vs Pilates terapêutico
Pilates original é quando os exercícios aplicados pelo profissional foram criados pelo próprio Joseph Pilates, o criador da técnica. Muitos dos seus exercícios (assim como até mesmo os clássicos) tem a característica de serem terapêuticos já que Joseph, com os mesmos, reabilitou muitos clientes.
Os exercícios originais derivaram a uma rama que se chama pilates clássico, que é o pilates adaptado aos discípulos diretos e alunos de Joseph.
O mestre ensinou para cada aluno o que precisavam saber e segundo o que mais precisavam treinar. Alguns realizavam o pilates original mas para outros era necessário adaptar muito exercícios. Inclusive Joe tinha uma espécie de cama que chamava de “bednasium” e adaptava exercícios aos seus alunos.
Com o tempo apareceram os fisioterapeutas que uniram seus conhecimentos de ginástica médica ou terapêutica ao pilates. Com isso muitos exercícios foram modificados com o intuito de poder adaptar o pilates a um determinado tipo de cliente patológico específico.
Quais as diferenças concretas entre um tipo de pilates e outro?
Pilates é um só e foi criado por Joseph Pilates, mas os exercícios tal e qual ele fazia e executava já quase não se pratica mais pois foram modificados por alguns elders ou alunos de primeira geração. Um boomerang ou até mesmo o The Saw já não são realizados como Joe criou.
E apesar disso o pilates original também tem um componente terapêutico apesar de também servir para o acondicionamento físico e portanto integral do corpo humano.
O pilates terapêutico é algo relativamente novo e é o que podemos chamar de “aproximação contemporânea ao pilates”. A palavra terapêutico se origina de dois componentes gregos que são o verbo “therapeuein”(cuidar) e o sufixo “-tico”(realtivo a). Isso significa que tem unicamente o caráter de tratamento de dores e patologias com a finalidade de conseguir curar ou melhorar os sintomas.
Pilates original portanto se refere aos exercícios que Joe criou (com seus componentes de reabilitação e treinamento) e pilates terapêutico é exclusivamente para tratamento de patologias. Em pilates terapêutico teremos adaptaçōes do exercício visando o tratamento exclusivo de uma patologia (ou várias) e no pilates clássico teremos modificaçōes para auxiliar/treinar um estudante.
Qual a ordem dos exercicios terapêuticos?
Nos exercícios originais ou clássicos, existe uma sequência de exercícios (como no mat e no reformer por exemplo) que foram deixadas pelo mestre Joe para que seguíssemos a risca suas instruçōes.
O corpo é trabalhado como um todo e não enfocando somente a parte patológica ou de determinada musculatura lesionada já que o corpo receberá benefícios diretos do powerhouse e da circulação sanguínea.
São exercícios desafiadores onde aula após aula se pode ir exigindo mais os alunos até chegar na versão ideal do exercício.
No pilates terapêutico os exercícios não possuem uma sequência específica já que se concentram na melhoria de determinada patologia. Também podemos utilizar outras técnicas de tratamento (se assim requere o paciente) e mover diretamente a parte do corpo implicada na dolência ou na patologia.
Reprodução de exercícios?
Entretanto uma coisa muito preocupa o mundo da fisioterapia. Fisioterapeutas tem deixado de lado todo conhecimento adquirido nos anos de faculdade e tem virado somente “reprodutores de exercícios” de um determinado curso de pilates no Brasil (escolhido pelo próprio profissional), sem ao menos se preocupar com as necessidades dos seus pacientes, com suas lesões e com o objetivo do tratamento.
Por isso nós fisioterapeutas temos que abrir nossos olhos e lembrar que somos sim, fisioterapeutas especialistas em Pilates, e que esse belo e eficiente método tem como função agregar valor ao nosso procedimento de tratamento, onde os exercícios devem ser utilizados com cautela e cuidado.
Como usar o Pilates como procedimento para o tratamento fisioterapêutico?
O que sempre comentamos no nosso curso de pilates no Rio de Janeiro é que a primeira coisa que devemos nos preocupar é com nosso processo de avaliação. A observação dos exames complementares, a avaliação física e anamnese, são de extrema importância para que possamos traçar um tratamento de forma correta.
Resolução CNE
O fisioterapeuta tem autonomia para solicitar e avaliar, conforme descrito no artigo 5º da RESOLUÇÃO CNE/CES 4, DE 19 DE FEVEREIRO DE 2002 e diz que “É competência e habilidade do fisioterapeuta:
VI – realizar consultas, avaliações e reavaliações do paciente colhendo dados, solicitando, executando e interpretando exames propedêuticos e complementares que permitam elaborar um diagnóstico cinético-funcional, para eleger e quantificar as intervenções e condutas fisioterapêuticas apropriadas, objetivando tratar as disfunções no campo da Fisioterapia, em toda sua extensão e complexidade, estabelecendo prognóstico, reavaliando condutas e decidindo pela alta fisioterapêutica;”
Como escolher a melhor técnica de tratamento pensado no pilates terapêutico?
Desta forma é abrindo mão desse processo de avaliação, solicitando e avaliando os exames complementares, observando o diagnóstico médico, elaborando diagnóstico fisioterapêutico através de exames físicos detalhados que o fisioterapêuta assume autonomia para escolher qual a melhor técnica a ser utilizada como forma de tratamento para seu paciente, podendo optar dentro de tantas técnicas conhecidas pelo Pilates Terapêutico.
A partir de um diagnóstico adequado, o fisioterapeuta terá como função estabelecer objetivos diretos para o tratamento de seu paciente, determinados através das necessidades que a patologia nos apresenta e, das deficiências apresentadas pelo paciente.
Como traçar os objetivos?
Os objetivos deverão ser traçados de forma direta, buscando sempre determinar qual músculo, articulação, ligamento e/ou estrutura deverá ser trabalhada. Determinamos então alongamentos e fortalecimentos específicos, tais como alongamento dos ísquios tibiais, alongamento de quadríceps, fortalecimento de bíceps braquial. Mobilizações articulares, artrocinemática e distencionamentos também são possíveis de se realizar através da utilização dos equipamentos do Pilates e com base nos princípios da técnica.
Fases da lesão
Outra coisa importante para o processo terapêutico é o respeito com as fases da lesão. O Pilates pode ser utilizado em todas as fases de tratamento:
- A Fase inicial- com os distencionamentos musculares, alongamentos passivos e mobilizações passivas.
- Fase intermediária – com exercícios de alongamento ativo, fortalecimento ativo e ativo resistido.
- E por último a fase proprioceptiva – com exercícios de coordenação motora, equilíbrio e simulação de retorno as atividades de vida diária.
E depois de traçados os objetivos?
Agora cabe agora ao fisioterapeuta escolher dentro do enorme repertório do Pilates os exercícios que deverão ser utilizados em cada sessão. Muito importante também considerar o número de repetições e as adaptações necessárias em cada um deles. Tudo isso a fim de não comprometer a habilidade física de seu paciente e possibilitar o processo de reabilitação adequada.
Depoimento pessoal da autora sobre pilates terapêutico .
Como profissional da área de fisioterapia a mais de 10 anos e ministrando curso de pilates no rio de janeiro tenho alcançado com meus pacientes retornos impressionantes com o Pilates. Acompanhado uma evolução da técnica como instrumento de trabalho do fisioterapeuta a olhos vistos. Encontrei nesta técnica uma maneira de deixar o meu tratamento postural mais suave e constante para meus pacientes.
Acredito que dentro do Pilates o fisioterapeuta pode mostrar seu verdadeiro conhecimento de toda anatomia e biomecânica. Obviamente que também toda a sua capacidade de adaptação do seu processo de reabilitação. Por ter achado no Pilates um grande instrumento de Reabilitação é que hoje me orgulho de dizer que trabalho com o Pilates Terapêutico.
Conselho final sobre Pilates terapêutico
Para alcançar os seus objetivos explore ao máximo essa linda técnica que é o Pilates e dê ao seu paciente/cliente o que ele realmente precisa.
Bruna Mayer, fisioterapeuta e teacher Alves Pilates Brasil.